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Assinado: Noel

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Cara Júlia,

Eu pretendia escrever antes, mas sabe como é: logo após Natal e Réveillon dá aquela lombeira de tanto comer, depois as coisas só começam no pós-Carnaval e 2015 acabou que teve muito feriado. Também perdi muito tempo no Facebook, e quando vi já tava atolado de novo e com a equipe reduzida, tive que demitir umas renas e duendes da oficina. Alta do dólar, já viu né? Só deu pra escrever agora mesmo, fechando o balanço de 2015.

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Li sua última carta e vou adiantando o que não vai rolar. Mandei umas roupas bacanas, você tava precisando mesmo (ninguém aguenta mais aquela camiseta do Chico Buarque, aposente-a!), umas coisinhas pra sua casa, que tava muito sem graça, e outros mimos que nem lembro, além de saúde pros que você ama. Sei que você se empanturrou de comida na noite do dia 24, seguindo a tradição natalina da sua família. Não tá podendo reclamar.

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O lance, Júlia, é que eu não posso garantir que 2016 vai ter menos gente odiando outras pessoas gratuitamente. Também não posso assegurar que vão parar de pedir a volta da ditadura (mas posso distribuir uns livros de história, o que acha?). Não está na minha alçada mandar o senhor Eduardo Cunha para o Triângulo das Bermudas – muito menos para o inferno-, mas tenho uns contatos na NASA e de repente te interessa enviá-lo pra outro planeta. Infelizmente, não posso fazer brigadeiro e torresmo não engordarem, talvez você deva ir malhar de vez em quando mesmo. RuPaul não vai presidir a ONU, desista.

Tentei, mas não consegui até agora fazer a direção da Samarco criar vergonha na cara e pedir desculpas públicas por ter matado um rio, um distrito e alastrado veneno por vários estados. Continuarei tentando. Recebi, como o seu, inúmeros pedidos para a revogação universal da ressaca, o que me interessa, já que nesse frio do cão vivo à base de conhaque. Riram da nossa cara. Não vai rolar também de haver mais mulheres unidas e fortalecidas, mas isso vocês estão fazendo por conta própria, não? Outra coisa: pare de pedir que seus afilhados e afilhadas nunca cresçam. O tempo passa. Supere.

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Por fim, queria que você soubesse que  quase tudo do que 2016 for para sua vida, será por sua conta. Então, meu desejo a você, e a todo mundo que habita esse seu planeta louco, é que arregacem as mangas e façam deste o ano de suas vidas. Ninguém o fará por vocês.  Prometo dar uma força no que puder – mas adianto que sou enrolado.

Um grande beijo,
Noel (o Papai, mas estive com o Rosa outro dia e ele mandou abraços).

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