Toda semana é a mesma coisa. Enquanto a página branca me encara, um rio de pensamentos atravessa o caminho entre meus pensamentos e a tela. Cumpro a travessia todas as vezes, nem sempre sã, nem sempre salva, e raramente satisfeita.
Ajuda sempre roubar uma inspiração ou ganhar um gás com as palavras de outras pessoas. Nesse ponto, Gil é infalível pra restaurar minha fé, na humanidade, no futuro e no que escrevo. Não apor querer falar com Deus a sós, porque “nem tanto esotérica assim”, a bem da verdade.
Mas por sentir um saudoso abraço e uma certeza de que as coisas se acertam ao escutar “O que a gente pode, pode. O que a gente não pode explodirá”. Chegada nas purpurinas que sou (faço coro: quanto mais, melhor), “Realce” me soa como um mantra, que depois de dinamitar tudo que não podemos, assegura um triunfo distraído, mas pulsante e espalhafatoso. “De repente a gente poderá”. “A gente queimará”. “A gente brilhará”.
Se for pra ser honesta, admito ter a pachorra de desafiar o ex-ministro: não é raro minha fé faiá. Ok ok ok. Embora o baiano sempre me conforte no transcorrer e transformar do “Tempo Rei”, meu estado de espírito tem encontrado espelho no de outro Gil, indignado. E é também por suas palavras de verdade e vigor que tenho enxergado o futuro: “Bicha, o Brasil tá lascado”.