Os amantes de frio que me perdoem, mas muito tenho pestanejado contra a sequência de dias brancos e gelados que têm invadido a primavera. Até entendo o apreço por temperaturas mais amenas, poder existir sem botar os bofes pra fora de calor e sem jorrar suor por tudo que é poro. Tentador mesmo. Mas tenho um nariz muito do alérgico e uma tendência muito grande a escorregões em pedra portuguesa para gostar de dias frios e chuvosos.
E embora eu bem esbraveje muitos “aaaaaai que frio” lamentosos, o tempo só muda mesmo quando chega sua hora: uma massa de ar quente, uma inversão térmica ou qualquer sei lá meteorológico que justifique. A despeito da minha vontade, de simpatias ou da piscina limpinha para o fim de semana. Resta vestir um agasalho e deixar os dias ensolarados virem no seu compasso, sem franzir o cenho por coisa pouca.
Com o tempo e, na maioria das vezes, na marra, a gente vai aprendendo o quão inútil é se desgastar com bobagem, e passa cada vez mais a dar às coisas exatamente o tamanho que elas têm. Ou pelo menos tenta. Então ainda que revire meus olhinhos de princesa mimada quando os termômetros estão em queda, tenho procurado cada vez mais só me agasalhar e esperar que o frio passe – inevitavelmente passará, como tudo.
Em todo caso, torço sempre para um amigo estar com a piscina limpa – vai que o sol dá as caras. Serenidade é bom, mas cruz credo virar cínica!