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Não, homofobia não é doença

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Diante da descabida e revoltante liminar que torna legalmente possível que psicólogos ofereçam pseudoterapias de reversão sexual, a internet e as ruas se coloriram de arco-íris. Ainda bem. É assustador que o Brasil volte a cogitar a patologização da homossexualidade e da homoafetividade, que a própria Organização Mundial de Saúde (OMS) descarta desde 1975. Estamos descendo morro abaixo de carrinho de rolimã sem freio rumo ao retrocesso. Felizmente, não vamos parar de gritar até conseguirmos impedir a chegada até o fim da linha.

É fundamental o posicionamento de juristas, psicólogos, pessoas públicas, movimentos sociais diversos (além, óbvio, da militância LGBTTI) e da população, gente como eu e você, que segue incrédula diante do absurdo da decisão. Mas não nos enganemos. A homofobia não é doença, como dizia uma – louvável, sim – mensagem de repúdio à liminar, em contraposição à possibilidade de tratamento da homossexualidade.

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Um homofóbico não é doente porque não sofre de um estado que acomete alguém saudável e faz padecer de um mal até que possa livrar-se dele. É claro que o desconhecimento pode deixar pessoas à mercê de posicionamentos preconceituosos sem que tenham de fato um ódio incubado contra a sexualidade, a afetividade e a identidade de gênero alheia. Mas as manifestações de agora nada têm da inevitabilidade de uma patologia.

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Elas nascem de uma execração travestida de argumento “racional”, tão burra que é incapaz de compreender, ao regurgitar as palavras “cura gay”, que seu discurso fere uma comunidade muito maior, englobando lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, intersexuais, pessoas de gênero fluido e uma diversidade muito maior do que a mente estreita de quem vocifera contra o arco-íris jamais poderá compreender. Um ódio tão gratuito e petulante que se sente no direito de querer corrigir o que nada tem de errado, e muito menos lhe diz respeito. Felizmente, dá para curar. Pelo amor, pelo conhecimento, pelo simples respeito, mandatório – e vejam bem, não é preciso aprovar, gostar e nem mesmo aceitar – ao direito de que todo mundo seja exatamente quem é.

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