Depois de um longo inverno de muitas rinites, eu, que sempre odiei calor fora do contexto praia-piscina-férias, estava de fato ansiosa para que o Rei (não o Roberto Carlos, o Astro-Rei) desse as caras em Jufas. E ele veio com tudo, tem um sol pra cada um nos últimos dias.
A gente se perde tanto no passo apressado dos ponteiros e nos que damos nas calçadas que deixamos passar, imperceptíveis, pequenas belezas quase cinematográficas da banalidade do cotidiano.
Esses dias, correndo para trabalhar, vi uma senhorinha, saindo muito provavelmente do Clube Cascatinha, maravilhosa, de óculos escuros, chinelos, chapéu e óculos escuros. Estava de biquíni, com um camisão meio aberto por cima, que um benevolente ventinho insistia em revelar. E a doninha lá, uma verdadeira ode ao verão, mais do que qualquer gostosa objteficidada em propaganda de cerveja.
Saí sorrindo e pensando o quanto a vida é boa quando a gente se permite ver beleza, por um segundinho que seja. Dá até pra esquecer que o mundo é cão. Que o Brasil vai ter eleição presidencial este ano e vai ser um show de horrores. Que tantas vozes são caladas por poder, dinheiro ou simplesmente porque ninguém tem a dignidade de ouvir.
Tem dias em que o mundo fica um pouquinho melhor, ou um pouquinho menos pior, só porque existem doninhas felizes de biquíni em um dia de verão.