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Mea culpa

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– Desculpa o atraso, amiga, mas não tive culpa, tava um horror achar uma vaga.
– Ué, mas você parou aqui na porta!
– Não teve jeito, né? Tive que parar na vaga de idoso, a culpa é deste trânsito horroroso!
– Mas parou assim, na cara dura?
– O que eu ia fazer? É rapidinho, só pra gente tomar um café! Deixa de ser chata, todo mundo faz, você tá igual àquele povo do “politicamente correto”!
– Não é né, Janaína. Você sabe que…
– Ihhh… Pode parar! Vamos mudar de assunto. Aqui, você não tem nenhuma indicação de empregada doméstica não? Vou mandar a Lucinha embora.
– Sério? Mas depois de quase 15 anos com ela? O que houve?
– Ah, não tenho culpa, né! Agora tem que pagar tudo em carteira direitinho, tá ficando muito caro, pesando no meu orçamento.
– Mas você acha errado ela receber tudo certinho?
– Não, mas se tem gente que aceita receber menos e por fora da carteira, a culpa não é minha, né? Não quer, tem quem queira! Ih! Peraí, que meu telefone tá tocando.
– …
– Tá bem!…Arram, arram, claro que eu vou… Não perco por nada, é minha obrigação!… Tô com ela sim… Vou chamá-la pra ir sim… Tá bom. Beijo, tchau!
– Quem quer que você me leve pra onde?
– Menina, vamos pagar a conta rápido, tem uma passeata pedindo o impeachment que sai daqui a dez minutos, a concentração é pertinho da sua casa.
– Putz, bom saber, não vou pra casa tão cedo!
– “Que isso”?! Mas você não é contra a corrupção, essa roubalheira toda, não?
– Claro que sou! Quem é a favor de corrupção, Janaína? Mas você já parou para pensar, por um segundinho que seja, que no andar da carruagem, se rolar impeachment quem pode ser presidente do Brasil é o Eduardo Cunha, cara? EDUARDO CUNHA!!!
– Ah, amiga, mas aí não é culpa minha, a minha parte eu tô fazendo, né?!

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