Não sou muito dada aos misticismos, mas sempre gostei de ler horóscopo, desde pequena. Não porque eu necessariamente acredite em previsões dos astros para a minha vida. Mas porque sempre achei o máximo ser de Leão, e assim quanto mais cafonas os vocativos nas tirinhas astrológicas, maior meu apreço: “majestade do Zodíaco “, “juba dourada”, “regidas pelo Sol”, e por aí vai – amo. Nada mais leonino, dizem.
Dito isso, embora eu respeite muito quem tente buscar nos astros alguma explicação para o atoleiro movediço de esterco que é o Brasil de 2021, fica praticamente impossível fazê-lo quando toda vez jogam uma nova pá cheinha de estrume sobre nossas cabeças. “A Pfizer queria fazer do Brasil vitrine de vacinação.” E lá vem mais bosta! “O Governo deixou de responder 81 e-mails da Pfizer.” Tcháááá, mais uma pá. “520 mil mortes por Covid-19 (acrescente 2 mil por dia).” Tchááááá. “Governo queria 1 dólar de propina por vacina.” Tchááá. Não dá tempo de respirar, tem sempre uma pá de excremento a caminho, sepultando gente aos milhares diariamente há mais de um ano.
Talvez seja preciso fundar uma nova astrologia para dar conta das micro e macrotragédias que tem sido viver por aqui já algum tempo. Fica nítido que todos que habitam o Brasil vivem um momento astral conhecido como “ano do bode”, que ao que parece, não tem previsão para acabar – embora todas as forças astrológicas e materiais apontem para a derrubada eminente deste ciclo. Outro trânsito astrológico incontestável por essa nova leitura é que os efeitos catastróficos que vimos piorar todos os dias vem de um movimento iniciado em 2019. De acordo com o novo Zodíaco, desde janeiro desse ano vivemos sob a regência do burro.