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Favor conectar-se à fonte de energia

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Existe um certo tipo de poder no lugar onde nascemos ou em que passamos grande parte da vida – que frequentemente coincidem. Não sei exatamente como ele opera, nem quando se manifesta, mas conheço bem a sensação de andar por certas ruas revivendo histórias; olhar para prédios e enxergar mentalmente pessoas que estiveram ali comigo, ou até um reflexo de mim mesma em outros tempos.

Não importa o quanto eu vá a Três Rios – e vou sempre-, minha terrinha natal, logo aqui ao lado, mais quente que as axilas de Satã: sempre volto de lá renovada – e suada. Durante muito tempo, pensava que era uma nostalgia boba, pueril, um apego aos fragmentos da minha história em que tropeçava aqui e acolá pelas esquinas. Hoje tenho plena certeza que importam menos as esquinas carregadas de passado ou aquelas por que circulo hoje, em Trerrí ou qualquer lugar. Vale muito, muito mais quem  é coadjuvante de meus roteiros, seja a família que acompanha o enredo desde meu primeiro suspiro, sejam os amigos que foram escalados para a trama em algum momento dela, e seguem inabaláveis no elenco principal.

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Gente que dispensa palavras, porque conhece cada uma de nossas expressões faciais, por força do hábito ou por anos de tentativa e erro. Gente que talvez nem tenha mais tanto a ver com a pessoa que nos tornamos, mas que segue ligada a nós por laços muito mais fortes do que as convicções opostas que poderiam nos separar. Gente com quem temos horas a fio de piadas internas, hilariantes apenas para os envolvidos, insossa para qualquer outro ser humano. Gente que entende que a vida nos atropela, e não abana notas promissórias de presença em nossas fuças, mas que quando se encontra parece que nem um segundo se passou. Gente que sabe a gente. E sabedoria é um dos bens mais preciosos que se pode ter.

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Passamos tanto tempo com nossos celulares plugados à tomada, na esperança de fazer a bateria durar um pouco mais, que eu queria que houvesse um fio, um bluetooth, um carregador portátil, o diabo que fosse, que nos mantivesse conectados a essa força que vem de gente como a gente, gente da gente, gente que ama a gente. Que neste ano ainda recém-nascido, seja sempre possível encontrar uma extensão, um benjamin, um adaptador – ainda mais nesses tempos de tomadas de três pontas – que nos ligue à energia que nos renova, sem blackouts. Ao contrário das contas de luz da Aneel, custa nada. Só enriquece.

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