Dia desses, descendo a Rua São Mateus a pé, reparei na grande quantidade de lojas de bolos caseiros que abriram em toda sua extensão. Achei estranho. Não que eu duvide do encanto de um bom bolo de casa, com furo no meio, massa fofinha e que cai sempre bem com café, não importa o sabor. Sofro (#whitegirlproblems), inclusive com o grande talento bolístico da minha mãe, que normalmente me espera com um quando vou ser filha em tempo integral em Três Rios. Mas essa quantidade de franquias, não só pelo São Mateus, mas pela cidade, e pelo país, me intrigou. Todo mundo gosta tanto assim de bolo caseiro? Talvez sim.
Mas pode ser que tenham disfarçado o encanto de modismo. Os cupcakes eram só um outro nome para bolinho pequeno e cheio de firula confeitável, mas ganharam os buffets de festa descolados e abriram lojas no país inteiro. As paletas mexicanas (made in Brazil) são, se a gente olhar com cuidado, um baita picolezão recheado – bom pra danar, sim – , mas com preço quase de pote de sorvete e ares de sobremesa descolada. Também viraram febre. Nem deu tempo de eu tentar fazer as unhas em uma daquelas esmalterias maneiras com espumante e/ou cerveja artesanal que pipocaram por aí. O bonde passou e eu não entrei.
Fico pensando em como é arriscado investir dinheiro, tempo e energia tão pesado em uma franquia que pode ser passageira. Claro, a gente nunca começa algo, seja um trabalho, um relacionamento ou qualquer projeto, achando que vai dar treta. Mas sempre existe a possibilidade de que isso aconteça. Claro, existem as brigaderias, que vão muito bem obrigada. Talvez porque não se vende gato por lebre: na essência, brigadeiro é brigadeiro – por mais gourmetizado que possa ser.
Eu tenho muita tendência a me deixar seduzir, principalmente na gastronomia, pelas coisas do momento, adoro uma novidade. Acho que precisamos sair da zona de conforto e, no paladar e na vida, precisamos de riscos para evoluirmos, é assim que se cresce. Mas tenho muito medo, na política, na vida e em tudo que como, do que é venerado como algo que, na realidade, não é lá isso tudo. Com o tempo, a gente acaba vendo as coisas como são: menos como “frozen yogurt” com “toppings”, e mais como supervalorizado “iogurte em ponto de sorvete italiano com tudo que é cobertura que você quiser escolher”. Nem tudo nesta vida é brigadeiro.