A síndrome do intestino irritável é a patologia intestinal mais comum no mundo. Afeta cerca de 10 a 20% da população mundial. É mais comum em mulheres a partir dos 20 de idade com histórico familiar da doença. É uma desordem funcional do intestino, sem causa orgânica, de caráter crônico e recorrente que se caracteriza por dor abdominal e alteração no trânsito intestinal. Ocorre uma alteração da motilidade intestinal, do peristaltismo (ondas peristálticas). Ou fica rápido demais esse movimento, causando diarreia ou então muito lento causando prisão de ventre.
Os sintomas são dor abdominal tipo cólica, que piora após as refeições ou então após episódio de stress e alivia com eliminação de gases e evacuação. Geralmente essa dor é durante o dia. Presença de gases, distensão abdominal, eructos (arrotos), diarreia ou prisão de ventre, ou então alternado, prisão de ventre e diarreia. E sensação de evacuação incompleta.
As causas são desconhecidas. Acredita-se que seja multifatorial. Pode ser um desequilíbrio hormonal, um estresse crônico, ansiedade, depressão, insônia, pós infecciosa ou após uso de antibióticos, pode se alimentar (alergia ou intolerância alimentar), ingestão excessiva de álcool ou certos medicamentos.
Ela pode causar algumas complicações porque os sintomas podem durar meses, interferindo na vida profissional e social e comprometendo a qualidade de vida do paciente. Quando o quadro é de diarreia pode causar desidratação, dor anal e emagrecimento. E quando prevalece a prisão de ventre, pode provocar hemorroidas, fissura anal e fecaloma (massa de fezes empedradas e endurecidas de tamanhos variáveis localizadas no intestino).
Não existe um exame específico para o diagnóstico. Ele é clínico, baseado no quadro de dor abdominal e presença de diarreia (pelo menos três vezes ao dia) ou então prisão de ventre (menos de duas evacuações por semana) por um período acima de três meses. E deve-se fazer a exclusão de outras patologias intestinais como Doença de Crohn, colite ulcerativa, doença celíaca, diverticulite e câncer de intestino, através de exames laboratoriais e até mesmo a colonoscopia.
O tratamento visa o controle dos sintomas através de medicamentos para aliviar a dor e regular a função intestinal. Tentar gerenciar o estresse, às vezes um tratamento psicoterápico pode ajudar e uma mudança no estilo de vida. Fazer atividade física regular e cuidar da alimentação. Aumentar a ingestão de líquido e fibras, diminuir as gorduras e fazer uso de probióticos, que são bactérias boas que ajudam a combater problemas digestivos, como kefir, kombuchá, chucrute.
Evitar glúten, leite e derivados, açúcar, doces concentrados, refrigerantes e bebidas com gás, conservantes, condimentos picantes e também os chamados FOOD MAPS, uma sigla em inglês que define um conjunto de alimentos (carboidratos de cadeia curta) que podem ser difíceis de serem digeridos. São alimentos de difícil absorção e que são fermentados pelas bactérias do intestino formando gases como feijão, ervilha, soja, mel, balas e chicletes com adoçantes (xilitol, sorbitol, manitol), cebola, alho, aspargo, brócolis, beterraba e também algumas frutas como pera, maçã, abacate, manga e melancia.