Costumo brincar que o guarda-roupa é um “ser vivo”, e como tal, precisa de cuidados especiais. E de tempos em tempos é preciso ter uma DR (discussão da relação) com ele. As trocas de estação são excelentes oportunidades para entrar no armário e analisar com mais critério o que está acontecendo ali dentro.
Pare e pense: com que frequência você alimenta o seu guarda-roupa? Será que ele não está inchado com peças demais? Ou será que você está deixando-o desprovido de itens essenciais? E quanto à variedade? Será que não tem muito do mesmo e está faltando um olhar mais carinhoso para a sua arte de vestir?
Vestir-se é um processo de aprendizagem e disciplina. Construir um look interessante é uma habilidade que pode ser desenvolvida e aprimorada dia a dia. E o fato de ter uma boa relação com o seu acervo, com as peças de roupas que acumulou ao longo da vida ajuda muito na lapidação constante do estilo. Estilo é treino: experimentar, testar, treinar o olhar. Nada mais é do que um conjunto de elementos na arte de vestir. E estes elementos estão no seu armário, suas roupas contam a sua história.
Para discutir a relação com o seu armário de forma bem sincera, o primeiro passo é o autoconhecimento. É olhar para dentro e para o espelho e buscar se entender, num processo de aprendizagem e disciplina. É parar para pensar no que gosta de vestir e o porquê. Após este processo de autoanálise, comece a DR:
De 0 a 10, quão fácil é escolher um look no seu armário? Quantas vezes na semana você repete a frase: “não tenho nada pra vestir”? Qual o tamanho do seu armário? Pequeno, médio ou grande? Você consegue visualizar facilmente todas as suas roupas? Qual o nível de organização do seu armário? Que porcentagem do seu armário você usa? Sabe definir qual o estilo da maior parte das suas roupas? E quanto à variedade? Mais do mesmo, ou um bom mix de peças e estilos? Qual a diversidade de cores e estampas? As roupas do seu armário atendem satisfatoriamente ao seu estilo de vida? Quais os principais pontos positivos do seu armário? E os pontos negativos?
Após a primeira DR é hora de organizar! Faça uma avaliação geral: o que fica, o que sai, o que precisa de reparos. O critério sempre deve ser o uso: há quanto tempo não usa a roupa, se tem ocasião para usar, se a roupa ainda serve para o seu corpo e para a sua vida. Pra começar o processo de orgaznização que tal uma boa limpeza? Use uma flanela úmida para retirar o pó e em seguida passe uma seca. Nunca use ceras ou lustra-móveis. O correto é que o armário não tenha cheiro nenhum, sabonetes e sachês colocados para perfumar viram alimento para traças, baratas e formigas. Para combater a umidade utilize saquinhos de tule com giz (o cal combate umidade) pendurados nos cabides, ou coloque pedacinhos de cedro espalhados pelo armário. Outro cuidado para evitar traças, cupins ou baratas no armário é não ter nenhum tipo de papel, até as caixas de sapato devem ser evitadas. Envolver as roupas com sacos plásticos pode mofá-las, o ideal é usar sacos e capas de TNT para proteger da poeira e da luminosidade.
Hora de colocar ordem na casa das suas roupas!
Deixar o armário arrumado não ajuda apenas a poupar tempo na hora de se vestir, roupas e sapatos bem guardados duram mais e não ficam sujeitos a mofo, pó nem a traças. Segmentar as roupas no armário, por exemplo: camisetas manga curta com camisetas manga comprida, tricô leve com cashmeres… deixar as “famílias” sempre juntas. Depois de segmentar, separar as peças por cor é o jeito mais simples de encontrá-las.
Gavetas: ficam ótimas quando forradas, de preferência com tecido, pois as traças costumam agir de baixo pra cima. Peças menores devem ser arrumadas sobre as maiores, facilitando a organização de qualquer item. Divisórias também são uma boa opção para separar as peças menores. Tudo que não amasse deve ser guardado em gavetas, menos peças em tricô, que devem ser dobradas e guardadas em saquinhos de TNT com visor frontal nas prateleiras.
Cabides: ocupam menos espaço e são mais fáceis de manusear quando dispostos na mesma direção, com o gancho virado pra dentro.
Blusas: a melhor solução é empilhar, separando por cores, não por estilo. Uma boa alternativa é dobrá-las num formato de tamanho padrão. Dessa forma, a de cima recebe pó e as de baixo ficam protegidas dele.
Calças jeans: nos cabides fazem muito volume, ocupam menos espaço nas prateleiras, com três dobras.
Saias: devem ser penduradas pelo cós.
Peças sociais: se formam um conjunto, o ideal é que sejam penduradas no mesmo cabide.
Roupas íntimas: ficam melhor armazenadas em gavetas com divisórias, colmeias ou em cestos.
Sapatos: devem ser guardados em prateleiras especiais, separados por cor. Bolinhas de cedro no armário absorvem a umidade e evitam mofo.
Cintos: não devem ser enrolados nem dobrados, e sim pendurados pela fivela em cabides especiais ou em ganchos fixados no armário.
Bolsas: devem ser guardadas nas prateleiras; se o espaço for pequeno, coloque as pequenas dentro das grandes.
Bijuterias: devem ser guardadas em caixas transparentes, de preferência com divisória.
Roupas de estação: podem ser guardadas em caixas impermeabilizadas, quando não estão sendo usadas e colocadas no alto do armário; se as caixas forem de papelão pode-se impermeabilizá-las com cola branca, por dentro e por fora.
Tenha mais intimidade com o seu armário, procure manter uma boa relação com as suas roupas, isso irá refletir diretamente na seu prazer na arte de vestir e na satisfação com a sua autoimagem. Pense nisso!
Ficha técnica: ilustração DANIBRITO @mercadodasalvacaostudio