Esse ano não vai ser igual aquele que passou… com o carnaval cancelado por causa da pandemia, os dias de folia serão ressignificados. Ficar sem a maior de todas as festividades do Brasil é um cenário inédito mas totalmente necessário diante da situação tão delicada que estamos vivendo.
Oficialmente não terá carnaval, mas a maneira que cada um irá passar por este período varia muito, de acordo com a realidade e a vontade de cada um. Há quem esteja se movimentando para encontros virtuais, há quem irá viajar e há quem não irá se privar de brincar até em festas clandestinas, e também há aqueles que irão ignorar solenemente a data! Mas não vamos entrar no mérito da questão, pois aqui não cabe julgamentos, o nosso papo é sobre a arte de vestir e de se fantasiar.
Fantasiar-se é devanear, imaginar, idealizar, sonhar. E durante o carnaval, a capacidade de criar com imaginação é um ótimo exercício de inventividade. No carnaval, a liberdade de expressão através das roupas, dos acessórios, da maquiagem, permite extravasar muito da essência de cada um.
Quantos sonhos não realizamos nos fantasiando? Desde as fantasias da infância, quando realizamos os sonhos de “sermos” as nossas heroínas e de vestirmos papéis que sonhávamos exercer, até a liberdade de se vestir do jeito que quiser, com toda a licença poética, afinal, é carnaval!
No artigo “Por que no carnaval as pessoas soltam as fantasias nas fantasias?”, Marcos Bueno afirma que “a fantasia é criar roupagens aparentemente absurdas, mas que o desejo dá vida.”
O carnaval é um grande palco que permite a vivência de fantasias nas fantasias que vestimos. Ele cria oportunidades para a pessoa expressar a criatividade e, num exercício de estilo, muitas vezes experimentando novas versões de si mesmas, através dessa magia que o carnaval traz.
Na cultura brasileira, as fantasias criaram suas próprias tradições e, ao longo dos carnavais, os modismos foram dando o ritmo da folia. Assim como as roupas contam a nossa história, as fantasias também fazem parte da nossa narrativa. Aqui cabe um depoimento pessoal: o carnaval sempre ocupou uma parte importante na minha vida.
Meu pai sempre amou o carnaval e tenho lembranças ótimas da minha infância em Bicas. A animação do bloco da meninada da rua,
os desfiles nas escolas de samba da cidade e os bailinhos no clube, as fantasias idealizadas pela minha mãe estão bem guardadas na minha memória afetiva. Havaiana , índia , Mulher-Maravilha, bailarina, marinheira, colombina, odalisca fizeram os carnavais da minha infância até a adolescência. Na vida adulta tive a oportunidade de realizar o maior dos sonhos carnavalescos: desfilar numa escola de samba do Rio de Janeiro. Minha fantasia foi de Santo Expedito no carnaval campeão da Mangueira. Tive o sonho realizado, fantasiada como o santo das causas impossíveis. Carnaval tem cada uma! Gosto de curtir o carnaval, gosto do samba e de tudo de lúdico que ele traz e também gosto de brincar com a minha imagem.
Em 2021 não vai ter carnaval de rua, não vai ter festa, mas o espírito carnavalesco vai estar no paticumbum do meu coração. E na minha cabeça também, pois não vou deixar de inventar uma moda e brincar de me fantasiar.
E se você quiser se inspirar e não deixar este carnaval em branco, fica de olho nas dicas da DaniBrito, responsável pelas ilustrações da coluna, que, além de designer, é expert em produções carnavalescas. Responsável pela identidade visual do bloco Parangolé Valvulado, ela criou opções para o carnaval virtual. Para Dani, uma make bem colorida misturando vários tons de cores, acessórios de cabeça e brincos exagerados compõem uma excelente produção para brilhar na tela.
O saber transformar tudo em brincadeira é uma das premissas do carnaval! Bom carnaval a todos!
Ficha técnica:
Ilustração DaniBrito @mercadodasalvacaostudio