Washington Cerqueira (PDT), 44 anos, assumiu, em novembro último, a cadeira de Onyx Lorenzoni (DEM) na Câmara dos Deputados. À época, o agora titular do Ministério da Casa Civil deixara o Congresso para liderar a equipe de transição do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Tenho a minha linha de pensamento e acho que é muito na linha daquilo que está sendo traçado para o próximo governo”, afirmou o trabalhista Washington antes de ser empossado. Poucos dias de atuação parlamentar – entre 7 de novembro e 22 de dezembro – convenceram Onyx e Osmar Terra (MDB), ministro da Cidadania, a levá-lo para a Secretaria Nacional de Esportes, Educação, Lazer e Inclusão Social (SNELIS).
Washington, diga-se, é Washington “Coração Valente”, ex-jogador de Fluminense, São Paulo, Athletico etc. Ingressou, em 2013, na vida política como vereador de Caxias do Sul (RS). Em 2014, lançou-se à Câmara pela coligação “A Força do Rio Grande” (PDT, PSC, PV, PEN e DEM), elegendo-se suplente. Em 2016, deixou de concorrer à reeleição em Caxias. Embora Washington já exercesse o cargo de secretário da SNELIS, a nomeação foi publicada, apenas nesta sexta (12), no Diário Oficial da União.
Esporte, no Governo Bolsonaro, é secretaria; extinto o ministério, criou-se a Secretaria Especial do Esporte, vinculada ao Ministério da Cidadania. Além desta, há as secretarias nacionais de Esporte de Alto Rendimento, de Futebol e Defesa dos Direitos do Torcedor, e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem, cuja titularidade está ainda oficialmente vaga. Somente em 1995, com Fernando Henrique Cardoso (PSDB), Esporte ganhou status de ministério, ainda que extraordinário e, posteriormente, unificado ao Turismo. Com Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT), a pasta, embora novamente independente, foi rifada para a base aliada.
Em cartilha do Ministério da Cidadania de programas e ações esportivas, o escopo da SNELIS é definido como “implantação e modernização de infraestrutura para o esporte educacional, recreativo e de lazer”. Estados, municípios e instituições públicas de ensino superior, portanto, pleitearão obras de construção ou reforma de equipamentos esportivos. A despeito de ter sido secretário de Esporte e Lazer de Caxias do Sul entre 2013 e 2014, Washington será responsável pela pasta de maior execução orçamentária do Esporte, sujeito a pressões políticas para liberação de recursos, seja por projetos específicos ou por emendas parlamentares.
A competência de Washington certamente desinteressa a Onyx e Terra; é possível, inclusive, que o ex-jogador receba, na Esplanada, em breve, congressistas, governadores e prefeitos, dadas as dificuldades já encontradas pelo Governo. É ponto pacífico, entretanto, que Esporte, por mais quatro anos, seguirá carente de políticas públicas, mesmo que seja questão de saúde pública e inclusão social.