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O compadre do filho do presidente

A transferência de Onyx Lorenzoni para o Ministério da Cidadania após a destituição de Osmar Terra implicou em efeitos imediatos na Secretaria Especial do Esporte. Desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro, do Esporte foi tirado o status de ministério, subordinando-o à Cidadania. Tão logo nomeado por Bolsonaro, Lorenzoni exonerou, na última sexta-feira (28), o secretário Especial do Esporte, general Décio Brasil. A titularidade do órgão será ocupada pelo até então anônimo Marcelo Reis Magalhães. Na verdade, conhecido, mas apenas do senador Flávio Bolsonaro, pois é seu padrinho de casamento. Em um ano e dois meses, Marcelo Negão, como é conhecido, será o terceiro a ocupar o cargo. Antes de Décio, o general Marco Aurélio Vieira fora o titular da Secretaria Especial do Esporte. Bem como os demais postos de primeiro e segundo escalão do Governo, o Esporte está à deriva em meio à disputa entre as alas militar e ideológica do Governo Jair Bolsonaro. Não há como questionar as contribuições da doutrina militar à formação da educação física, mas o esporte diz respeito à criação e à implementação de políticas públicas, o que foge à competência de generais. Tampouco é da alçada do empresário Marcelo Negão, cuja única ligação com a área é o gerenciamento de imagem de atletas. Sem qualquer projeto de Governo, o esporte está entregue nas mãos do compadre do filho do presidente. Instituído como ministério em 1995, o esporte nunca fora tratado com relevância pelos Governos federais, ainda que o Brasil tenha estado sob os holofotes da comunidade internacional ao sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos - sem qualquer legado, diga-se. É impossível cobrar que o esporte seja tratado como prioridade dadas as incontáveis mazelas do país, mas, se ao menos integrado fosse com áreas estratégicas como saúde e educação, o Brasil teria uma política de formação de atletas estabelecida - à margem dos subsídios militares e para além do esporte de alto rendimento - e, em certa medida, desafogaria o Sistema Único de Saúde. Contudo, tampouco há um Plano Nacional do Desporto instituído. Ao menos desde os tempos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério do Esporte é doado como moeda de troca à base governista e, por tabela, é condescendente com a instrumentalização do esporte a nível nacional para fins corruptos por meio de confederações e do Comitê Olímpico Brasileiro. A pasta fora ocupada por nomes como Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton e, recentemente, sob a presidência de Michel Temer, por Ricardo Leyser Gonçalves e Leonardo Picciani. É inegável que a instrumentalização segue sob a batuta de Bolsonaro, porém, conforme a particularidade do seu Governo, agora atenderá às vontades da própria família.

(Foto: Reprodução)

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A transferência de Onyx Lorenzoni para o Ministério da Cidadania após a destituição de Osmar Terra implicou em efeitos imediatos na Secretaria Especial do Esporte. Desde o início do mandato do presidente Jair Bolsonaro, do Esporte foi tirado o status de ministério, subordinando-o à Cidadania. Tão logo nomeado por Bolsonaro, Lorenzoni exonerou, na última sexta-feira (28), o secretário Especial do Esporte, general Décio Brasil. A titularidade do órgão será ocupada pelo até então anônimo Marcelo Reis Magalhães. Na verdade, conhecido, mas apenas do senador Flávio Bolsonaro, pois é seu padrinho de casamento. Em um ano e dois meses, Marcelo Negão, como é conhecido, será o terceiro a ocupar o cargo.

Antes de Décio, o general Marco Aurélio Vieira fora o titular da Secretaria Especial do Esporte. Bem como os demais postos de primeiro e segundo escalão do Governo, o Esporte está à deriva em meio à disputa entre as alas militar e ideológica do Governo Jair Bolsonaro. Não há como questionar as contribuições da doutrina militar à formação da educação física, mas o esporte diz respeito à criação e à implementação de políticas públicas, o que foge à competência de generais. Tampouco é da alçada do empresário Marcelo Negão, cuja única ligação com a área é o gerenciamento de imagem de atletas. Sem qualquer projeto de Governo, o esporte está entregue nas mãos do compadre do filho do presidente.

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Instituído como ministério em 1995, o esporte nunca fora tratado com relevância pelos Governos federais, ainda que o Brasil tenha estado sob os holofotes da comunidade internacional ao sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos – sem qualquer legado, diga-se. É impossível cobrar que o esporte seja tratado como prioridade dadas as incontáveis mazelas do país, mas, se ao menos integrado fosse com áreas estratégicas como saúde e educação, o Brasil teria uma política de formação de atletas estabelecida – à margem dos subsídios militares e para além do esporte de alto rendimento – e, em certa medida, desafogaria o Sistema Único de Saúde. Contudo, tampouco há um Plano Nacional do Desporto instituído.

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Ao menos desde os tempos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Ministério do Esporte é doado como moeda de troca à base governista e, por tabela, é condescendente com a instrumentalização do esporte a nível nacional para fins corruptos por meio de confederações e do Comitê Olímpico Brasileiro. A pasta fora ocupada por nomes como Orlando Silva, Aldo Rebelo, George Hilton e, recentemente, sob a presidência de Michel Temer, por Ricardo Leyser Gonçalves e Leonardo Picciani. É inegável que a instrumentalização segue sob a batuta de Bolsonaro, porém, conforme a particularidade do seu Governo, agora atenderá às vontades da própria família.

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