De janelas e portas, vizinhos juiz-foranos se reúnem para orar
Com apoio de uma caixa de som, comunidade da Paróquia de Santa Rita mantém viva a fé e a esperança
Seguir mantendo a fé e orando pelas famílias e pelos avanços das pesquisas para que descubram medidas de controle contra o coronavírus é a finalidade das preces dos moradores do Bairro Bonfim, na Zona Leste de Juiz de Fora.
Todos os dias, às 20h, de segunda a segunda, na Rua Múcio Vieira, uma família moradora da via coloca uma caixa de som na janela ou na porta de casa e faz uma oração, que é compartilhada por todos os outros vizinhos no interior de suas residências. É uma forma para que todos continuem a orar juntos, sem aglomeração, e com a ajuda da tecnologia, uma vez que mensagens e pedidos de orações são trocados por meio de aplicativos.
A iniciativa conta a administração do padre Antônio Camilo de Paiva, responsável pela Paróquia de Santa Rita, situada na comunidade. “A ideia nasceu do próprio povo, que queria orar junto, pedindo a Deus pelas famílias e pelos cientistas, para que achem uma cura para a Covid-19, evitando a aglomeração”, ressalta o religioso. De acordo com o pároco, esse movimento teve início na Semana Santa, quando, com a ajuda de um carro que trafegava pelas ruas, utilizando equipando de som, o Padre Camilo fazia a oração, no interior veículo, sendo ouvido pelas pessoas nas janelas e portões. Desde então, a ideia de transmissão das orações por meio dos aparelhos seguiu entre os moradores.
Momento de espiritualidade
Simone Dornelas, de 36 anos, é moradora da Rua Múcio Vieira e integra a Sociedade São Vicente de Paulo. A vicentina conta que existe um grupo de oração na rua, no qual 95% dos participantes são idosos, grupo considerado de risco para a Covid-1. Ela destaca que a ideia de transmitir as orações pela caixa de som e aplicativos é importante para manter as pessoas unidas. “Isso é uma benção. Para nós, católicos, é um momento de espiritualidade, de agradecimento, com música e oração e muita fé”, afirma.
Ela ainda diz que é a oportunidade que muitos vizinhos, mesmo cada um em sua moradia, têm de desfrutar um tempo de partilha de sentimentos. Simone lembra que o cunhando dela toca violão e, nas quartas-feiras e sábados, ele coloca sua aparelhagem na porta da garagem e toca cânticos religiosos para a vizinhança. “É um momento lindo, das janelas, os moradores acendem as lanternas de seus celulares e todos, na mesma sintonia, cantam. A gente acena um para outro, brincando com as luzes do aparelho. É muito emocionante.”
Celebrações presenciais continuam suspensas
Seguindo as orientações das autoridades eclesiásticas e sanitárias, a Arquidiocese de Juiz de Fora havia suspendido, inicialmente até 20 de abril, todas as missas, encontros e ações de formação, como a catequese. Todavia, o prazo foi prorrogado em razão do aumento de número de infectados pelo coronavírus e, de acordo com a Arquidiocese, ainda não há um fim previsto para essa medida.
Em março, em carta divulgada pela Arquidiocese aos fiéis, a população foi orientada a adiar casamentos, batizados e crismas, quando for possível. Se celebrados, esses eventos devem ter a participação de poucas pessoas.
As visitas religiosas aos hospitais e lares também estão suspensas até segunda ordem. Os velórios, segundo a Arquidiocese, devem ser feitos apenas por familiares. As igrejas ficarão abertas para que as pessoas possam fazer suas orações, individualmente, mas sem nenhuma forma de aglomeração. Orações comunitárias, como os terços, devem ser feitos individualmente também.
Segundo a carta, os padres devem celebrar uma ou duas missas por dia, em caráter interno, com cerca de cinco pessoas autorizadas ou convidadas, para que peçam a Deus pelo fim da pandemia e proteção da população. Essas pessoas serão orientadas a se posicionarem com a devida distância uma da outra.
Os fiéis católicos também são incentivados a seguir as missas diárias pela TV e por outros meios de mídia. Por meio da WebTV ‘A Voz Católica’, as pessoas podem acompanhar as missas, inclusive aos domingos, direto da Catedral de Santo Antônio. Os católicos também podem solicitar a concessão individual da comunhão fora da missa, combinando o horário antecipadamente com a paróquia.